SOBRE O BLOG

Miscelânea intuitiva de gostos, sonhos, desejos, angústias, paixões e destemperamentos, e,porque não, de ódios, raivas e estresses... Miscelânea é assim: TEM DE TUDO!

Meu Diário de Bordo da solidão, meu painel de idéias e guia de entendimento, tudo misturado com humor, drama, terror, anti-corintianismo, sentimentos e doses homeopáticas de papo sério.

Chega junto, arruma um banquinho, senta aí e vem comigo!

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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Que não raie o sol

 “Você tem um erro atrás de erro…”

Ouvir isso é  bem complicado. Bate fundo e desestabiliza até o mais forte dos eixos.

“Erro”, no caso, são coisas que não saem exatamente como a “mente superior” que disse a frase imaginou. Imprevistos acontecem, planos mudam, detalhes aparecem, e acho MESMO que isso seja o mecanismo real da vida, como dizia Napoleão:


A grande arte é mudar durante a batalha. Ai do general que vai para o combate com um esquema.


Pior que não eram nem planos, eram querelas de ações…

Ouvir aquela frase á queima roupa foi bem dolorido: não estava usando meu colete sarcástico pra me defender. Sequer tinha tirado da gaveta minha blusa “bateu-levou” ou a armadura “vem que também vou”… Minhas defesas estavam baixas, estava simplesmente ali, inspirando oxigênio e liberando gás carbônico, na mais simples função que um ser vivo pode ter.

Daí veio o “Você tem um erro atrás de erro…”

Fiquei sem reação, simples assim. A frase entrou as defesas baixas e atingiu em cheio o ego, a autoestima e qualquer concepção positiva que eu possa ter de mim mesmo…


O problema desse tipo de frase é justamente que elas não são ditas uma única vez: fazem parte de um repertório maior e bem duradouro, que se repete e repete e repete até que o alvo 🎯 delas esteja tão caído e fraco que passa a ter medo sequer de pensar 💭, pois em hipótese alguma ele pode errar…

Talvez isso seja uma constante em minha vida: meu pai fazia exatamente assim… Não importa o número de acertos que eu tenha tido antes: errou, tomou!

E, modéstia á parte, sei que tive acerto que as mesmas pessoas que me criticaram não teriam tido nem se nascessem mais 3 vezes cada!!

Isso, lá quando eu era mais novo, criou um verniz que fazia com que algumas pessoas achassem que eu era arrogante, pois ficava apontando meus acertos. Poucas ideias podem ser mais erradas que essa: minha “arrogância” vinha do fato de que as pessoas á minha volta, aquelas que usufruíam dos meus acertos, jamais eram capazes de reconhecer quando acertei. Soma-se a isso o fato de que qualquer falha era divulgada, em alto e bom som, a todos que tinham ouvidos 👂, e daí criamos o “arrogante”: um sujeito que TINHA de apontar os próprios acertos como forma de se defender dos ataques que vinham quando errava!

E claro que eles erram muito menos: só erra quem TENTA, né?! 

Mas em geral, quando eu começava um projeto, já não tinha muito espaço para erro: ele já estava desenhado em minha cabeça e no final daria certo! 

Mas, enfim, hoje a luta maior é entre o Celso que um dia fui e esse que se acostumou com o fato de ser sempre o exemplo do que não ser, ao menos aos olhos de quem me ataca…

Pra quem gostou de sardinha, caviar deve soar estragado…

Mas sigamos o jogo, tomando cacetadas de quem deveria estar jogando junto… Cada um com seu hobbie: um gosta de bater, outro está acostumando a apanhar…

Faz parte, não?!

Mas um dia o sol ☀️ não raia…

quarta-feira, 29 de março de 2023

Finitude

Vez ou outra penso na vida, tanto a atual quanto a que já foi, e nesses momentos é impossível não olhar para aquela que talvez virá…

Estranho olhará para frente: não me vejo lá, não enxergo o futuro ao meu redor, só vou indo, indo, e vendo onde acaba essa loucura toda chamada VIDA.

Hoje é um daqueles dias que eu queria que não houvesse amanhã, não por estar triste ou fraco e sim por não ver sentido sequer no hoje, quanto mais ainda no que pode ser que venha! E, cá entre nós, coisa boa não vai vir, eis o que a experiência me ensinou nesses quarenta e tantos anos de vida.

Pessimismo? 

Não: realismo! O mundo tende ao caos, o que é “pra sempre” nasceu para ser quebrado e o eterno acaba ali na esquina.


Coisas boas acontecem mas são cada vez mais efêmeras, mais raras e mais caras. E tem dias que não estamos a fim de pagar o preço que custa dar um sorriso ou ter paz momentânea: minha experiência mostra que a cobrança vem a galope e bate de mão fechada!

Estranho isso: eu que sempre me achei um sonhador hoje quase não durmo com medo da realidade. 

Não que deixei de ser eu, de pensar diferente ou encarar brigas por minhas ideias, afinal, é minha essência preferir errar seguindo minhas convicções do que acertar ouvindo as convicções alheias, mas mesmo quando acerto percebo que o brilho não brilha tanto quanto antes, as cornetas não tocam tanto tempo e as palmas quase não existem. 

Nesse contexto sempre me pergunto o motivo de buscar uma vida longa e ficar por aqui 80 anos, e não vejo resposta. Viver para ver o que brilhava não brilhar? Para ter de, a cada vitória, ouvir os senões de quem não teve coragem de mudar?

Sei não, mas isso não eu pra mim. Parafraseando Raul:


Eu devia estar contente

Por ter conseguido tudo o que eu quis

Mas confesso, abestalhado

Que eu estou decepcionado


Porque foi tão fácil conseguir

E agora eu me pergunto: E daí?

Eu tenho uma porção

De coisas grandes pra conquistar

E eu não posso ficar aí parado


A grande diferença é que antes eu achava que tinha coisas grandes para conquistar, hoje estou pouco me fudendo com conquistas que não trazem paz…

Pois é, no final acabou saindo mais um post negativo, né?! Mas a ideia aqui sempre foi dizer o que sentia, se fosse para postar coisas fake eu tiraria fotos para o Instagram!


Desculpe aos incomodados: logo me retiro.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Medo da Sombra

 As vezes a vida dá voltas e nos leva para lugares que jamais esperávamos ter de ir…

A minha acabou de dar uma dessas guinadas e olha eu, no alto dos meus 47 anos, começando um novo projeto…

Só que dessa vez, há uma grande diferença entre todos os projetos que já tive: dessa vez, estou com medo.

Medo de errar, medo de não dar tão certo quanto imaginei, medos das críticas de pessoas perto demais para que eu ignore as palavras -que virão, com certeza, caso eu erre.

Estranho isso: nunca tive medo antes, sempre confiei em meu taco e nas minhas “certezas”, mas alguma coisa se quebrou no meio do caminho e transformou aquele Celso que se autoconhecia num Celso que não tem certeza, ou melhor, até tem certeza mas não são tão convictas quanto eram antes.




Eu, antigamente, gostava de desafiar o status quo, mostrar que havia formas diferentes de pensar e agir, que sempre havia um jeito de fazer melhor o que já era feito bem. 

Hoje, depois de tanta porrada que tomei, de tanta crítica, de tanto dedo, perdi isso é não consigo encontrar. Sinto o chão tremer a cada novo passo, tudo desconhecido, e sempre sendo julgado a cada levantar do pé. Não queiram passar por isso, amigos, pois é uma sensação de não se saber quem é, pois tudo o que fui parece a resenha dum livro que li há anos e está empoeirado na prateleira, sem leitores nem ninguém para sequer olhar a capa. 

Junta-se a isso uma frase que reli hoje, do Steve Jobs, e tem-se a receita para uma noite maldormida…

A frase?

Li-a em uma lembrança do Facebook, que eu mesmo já havia postado há alguns anos, 11 para ser mais exato. E o que postei há mais de uma década e ainda mexeu comigo?

Eis a lembrança:


Steve Jobs cita essa frase em uma entrevista, e eu não havia dado atenção a ela. Hoje, por acidente, dei, e percebi o quanto ela é real e dura:

"Eu e você temos lembranças que são maiores do a estrada que se alonga à nossa frente" 

Ao mesmo tempo, define como nada a existência humana...


Simples assim: lembrar que andei mais da metade do que deveria andar e o caminho até o fim é menor do que o já percorri. E mesmo assim, ria-me percorrendo outro, apesar da insegurança, das críticas, dos silêncios atormentados que percorrem minha mente as duas da manhã…


Vai ver que a vida é isso: um reinício, a lá Sisifo, é um constante empurrar a pedra morro acima, para vê-la caindo morro abaixo…

(Desculpem por esse não ser o post mais animado que já escrevi: já escrevi piores, mas medo, MEDO, eu não sou de sentir…)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

SAUDADES...

E eis que eu fuçando aqui, dou de cara com meu blog, que acabou ficando meio (MEIO???) esquecido no tempo...
Será que consigo tirar a poeira e tornar a blogar?
Sinto falta...

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

FUTURO, REFUGIADOS E PRECONCEITOS

E eis que chegamos a 21 de outubro de 2015: finalmente, chegamos ao FUTURO!
Futuro, eita palavrinha tão mal utilizada, mas que traz tantas esperanças consigo...
Lá em 1989, quando o DE VOLTA PRO FUTURO II foi lançado, eu era um pirralho, no alto dos meus 14 anos de idade, que achava que o futuro distante de 2015 seria o ápice da civilização humana. Queria meu skate voador, meu tênis que amarra sozinho e minha jaqueta auto-secável. Daquele boné feio, eu abria mão...
Cheguei a 2015 não de Deloren, como eu desejava, mas sim pelo caminho mais longo e pesado de todos: vivendo dia após dia, hora após hora (quase  9.500 dias ou 228.000 horas, pros curiosos) pra fazer o mesmo percurso que a máquina do tempo fez em 15 segundos...
Mas cheguei, estou vivendo no futuro e me desapontei, assim como sei que Marty McFly vai se desapontar, com certeza...
Não estou falando da falta do skate voador ou dos carros voadores, nem ao menos hidratador de alimentos (que seria uma ótima sacada!). Não, não é por isso que Marty se decepcionará. Os motivos são outros...
Em pleno 2015, milhares de refugiados tentam salvar suas almas, fugindo duma guerra louca (existe guerra sã?), cruzando o Mediterrâneo para chegar à civilizada Europa... E muitos morrem no final. E muitos dos que não morrem, percebem que essa mesma Europa, que há pouco mais de meio século permitiu algo como o nazismo, hoje permite neo-nazistas, direitistas loucos e xenófobos de todas as espécies.
Imagine que futuro lindo seria esse nosso se a Europa tivesse aprendido com o passado e fosse mais civilizada, mas acolhedora? A Alemanha, grande vilã da história, aprendeu, mas o resto se finge de morto...
(Pena, pois parece que os europeus já se esqueceram que fugiram de lá e vieram pra cá e pro resto do mundo exatamente fugindo duma guerra louca?)

Daí a gente conversa com um amigo e ouve isso:
AH, MAS ISSO É LÁ EUROPA: NO RESTO DO MUNDO CIVILIZADO AS COISAS ESTÃO MELHORES!
Quem o dera...
Comecei falando de um filme clássico, e vou a outro, mais clássico ainda, que será retomado esse ano, mas precisamente no dia 17 de dezembro: STAR WARS 7.
Delirei ao ver o primeiro trailer, sem o George Lucas pra fuder tudo com seus Jar Jar Bins...  Sorri muito ao ver o segundo e sonhei com o filme ao assistir o terceiro. Mas no quarto, foi diferente. Tive vergonha de pertencer à raça humana no quarto... E preferia um filme lotado de Jar Jar Bins do que um mundo com pessoas como as que apareceram depois do lançamento do trailer...
Não que o trailer seja ruim, pelo contrário: deve ser o melhor trailer já feito na história! 
O que me envergonhou não foram as cenas que assisti, e sim os comentários que li, das pessoas que se dizem "fãs", dos humanos que habitam o "futuro"... 
Vi grupos pedindo BOICOTE AO STAR WARS não porque o diretor era ruim ou porque não teria mais o Darth Vader: pediam pra boicotarmos porque os protagonistas são um NEGRO e UMA MULHER...
Simples assim: muitas pessoas simplesmente pediam que boicotássemos o filme por causa do sexo de um protagonista e da cor do outro. Isso em 2015, o "ano do futuro", na semana da vinda de Marty McFly!!
Cada pessoa tem o direito de pensar o que quiser: isso é direito básico e nada pode abalar isso. Pensar é a chave da existência humana.
Até aí tudo bem: quer pensar que o protagonista deveria ser branco, ao invés dum "negão", esteja a vontade: pense! Quer pensar que a protagonista deveria também ser branca caucasiana, ao invés de uma "reles mulher", manda bala: pode pensar, é seu direito inalienável ser tapado...
Mas CALE ESSA BOCA E MANTENHA ESSE SEU PENSAMENTO IMBECIL DENTRO DESSA CABEÇA IGUALMENTE IMBECIL! Não poste sua mediocridade para o mundo, não compartilhe seus ódios infundados, não envenene pessoas com seus preconceitos cretinos!
Chegamos a 2015: há 152 anos houve a abolição da escravatura americana (no Brasil, só 127). O presidente dos EUA é negro, mas ainda falamos de racismo e boicote a filmes com negros protagonistas...
Chegamos a 2015, ou seja, 96 anos depois das mulheres conseguirem direito a votar e serem votadas (no Brasil, só 83). O próximo presidente dos EUA poderá ser uma mulher. Dos 4 últimos Secretários de Estado americanos, 3 foram mulheres. E ainda falamos de sexismo e boicotes a filmes com mulheres protagonistas...
Tudo o que me resta é pedir desculpas a Marty McFly pelo mundo horroroso que nós, como homens e mulheres do futuro, apresentamos a ele...
O "futuro" pede desculpas, torcendo para que o "futuro do futuro" seja menos imbecil, menos racista e que cuide melhor dos que necessitam, não por ser isso questões humanitárias: simplesmente por serem QUESTÕES HUMANAS!

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Eternos Anos 80...

Sempre me perguntam:
PORQUE OS ANOS 80 SÃO TÃO LEMBRADOS? PORQUE VOCÊS VELHALDOS NÃO DESLIGAM DISSO, DESSE TEMPO QUE JÁ PASSOU?

Tenho duas respostas: uma curta e outra longa. A curta é curta e simples: 
PORQUE SIM,  E NÃO ME ENCHE!

A longa, eis a longa aqui: 
Nós vivemos hoje na época MENOS CRIATIVA de toda a história... Parece exagero? Vamos aos fatos:

As crianças NÃO SABEM BRINCAR! Recebem tudo tão mastigado dos seus vídeo games que não brincam de guerra, nao andam de bicicleta fingindo ser polícia é ladrão, não sabem como era bom IMAGINAR os Comandos em Ação lutando, sonhar de olhos abertos e ver os helicópteros voando, as armas atirando, os foguetes soltando fogo... Não fazem sequer o barulho de tiro com a boca, pois os brinquedos fazem isso sozinhos! Eu pegava um pedaço de bambu e o transformava numa espada Jedi! Pra eles, um pedaço de bambu só remete à piada com o Silvio Santos...
Onde isso se reflete?

Não se CRIAM mais filmes: ou são histórias de gibis antigos ou são remakes... Cadê um Indiana Jones, um De Volta Pro Futuro, um Forrest Gump? Os poucos filmes bons e originais que saem são pra poucos: negócio hoje é massificação! Homem aranha foi super bem feito no começo dos anos 2000 e já tem DOIS REMAKES!! 
O grande filme de 2015 foi JURASSIC PARK! E Mad Max! E estamos loucos pra ver STAR WARS!! (E só sai porcaria: alguém gostou do novo Vingador do Futuro? E Indiana 4? E são loucos pra refilmar OS GOONIES!)
Na Globo, só REMAKE: refilmam novelas dos anos 70, 80 e até 90, por falta de gente que consegue criar! E só sai merda: não há o talento dos atores, não há o brilho dos diretores! Aquele Victor Valentin do Benício tem de nascer mil vezes pra chegar perto do VICTOR VALENTIN dos anos 80!! 
A Record, super criativa, traz HISTÓRIAS BÍBLICAS! Nem comento...

Na música, estamos órfãos eternos: é tudo descartável! Até as Lady Gagas da vida criam musicas que podem durar um, dois anos, mas será que alguém a ouvirá em 2050? Madonna também, assim como todo mundo: o último cd do U2 foi dado de graça e nenhuma música virou hit: cadê o JOSHUA TREE da nossa época? É tudo descartável: a "rainha do pop" de hoje será a velha doida de amanhã, e as musicas desaparecem... 
Está tão fraco que mesmo com muito esforço não encheríamos o Rock um Rio com gente que deveria e tem capacidade pra estar lá! Os grandes shows são dos velhotes! 

Nunca antes estivemos tão conectamos, tão informados, tão bem equipados como hoje, mas nunca tivemos uma geração tão medíocre quanto a atual... 
Talvez é por isso que os anos 80 não morrem nunca: foi ali o último lampejo realmente criativo e coletivo desse bando de pessoas que não sabem o que querem e chamamos carinhosamente de HUMANIDADE...


sábado, 28 de fevereiro de 2015

O QUE VOCÊ FAZ?

Muitas pessoas me questionam sobre minha profissão: afinal, senhor Celso, o que você faz?
Resposta complexa essa...
Responder que sou Administrador de Empresas é muito óbvio, pois, apesar de ser, meu trabalho vai além disso...
Explico-me:  Não consigo dissociar "ORGANIZAÇÃO" de "INOVAÇÃO". Para mim, a existência da primeira exige a segunda, isso é regra básica, darwiniana: evolução existe, quer queiramos ou não...
Nos negócios, vale o mesmo: não acredito em empresas estagnadas tecnologicamente ou que acham que encontraram "a fórmula" para funcionarem. A Kodak achava que era a dona do pedaço e faliu: as câmeras digitais destruíram a indústria dos filmes fotográficos e tudo o que nela estava inserida. Hoje, uma sobra triste do que foi antes, tenta se reinventar... Pior para a Kodak, foi ela mesma quem criou a primeira câmera digital, mas "deixou na gaveta" por não acreditar na ideia... Não fossem tapados, será que haveria uma Cânon hoje em dia?

Em 2008, a Polaroid também pediu falência, o que comprova que dominar um negócio jamais é garantia de sucesso infinito: ou INOVA ou MORRE com o tempo...
Quando vejo gigantes nacionais que não deram aquele PASSO para evoluir, sinto que a existência da empresa foi apenas captar dinheiro e que ela perdeu sua chance de ser importante, relevante. Claro, toda empresa existe para ganhar dinheiro, mas aquele salto, aquela faísca que muda tudo e faz história não pode jamais ser perdida de vista! Nem que seja para ganhar mais dinheiro! Ter 10 e se contentar com 10 é o que faz a diferença entre algo que vai durar e algo que será finito, pois um dia vão fazer o mesmo que você e se contentar com 8, reduzindo custos e ganhando numa disputa "pau-a-pau"... Mas ninguém disputa "pau-a-pau" com o líder da inovação: estão sempre correndo atrás para ver se ao menos empatam o jogo (Vide Sansumg correndo atrás eternamente da Apple...)
Sempre me questiono porque a Votorantin, por exemplo, nunca deu o salto entre ser uma exportadora de comodities e se tornou a única empresa nacional fabricante de automóveis, por exemplo. Ela é dona do minério, da usina, da cidade, da mão-de-obra, do capital!!! Faltou só vontade, e ficou o comodismo de ficar na mesmice... 
Para mim, faltou muita visão e uma empresa que poderia ser mundial se porta como conformada em ser somente grande no Brasil, que, cá entre nós, em nível planetário nem fede nem cheira...
A Índia tem um Tata, que criou o carro Nano (lembram dele? Pequeno, o mais barato do mundo e funcional) e fundou a Tata Motors, quase que vinda da mesma origem da Votorantin, mas hoje uma vende carros, outra vende pedras...
Em suma, meu trabalho, o que me dá tesão, é participar dessa cadeia de inovações, criar e liderar os grupos que vão promover mudanças em áreas que até ontem considerávamos estáveis. Ajudar uma empresa pequena a crescer, ganhar mais, pagar melhor, abrir filiais... 
Minha praia é olhar, perguntar mil vezes PORQUE SE FAZ ASSIM e não assado, porque esse caminho e não outro? Por a mão na massa e aprender como se faz, melhorá-lo, por em pratica e mostra que É POSSÍVEL MUDAR...
Sou bom em encontrar outros caminhos e passagens secretas, que estavam ali e ninguém tinha visto. Depois que os aponto, claro, todos dizem: AH, MAS É ÓBVIO, NÃO?, mas até apontá-los, ninguém os via...
Acho que, no fundo, meu segredo é que APRENDI A ENXERGAR... 
Claro que nem tudo são flores, e os processos de mudança dão trabalho, mas erra quem imagina que a parte mais difícil é criar as inovações: essa é a parte fácil!
A parte difícil são os humanos que mexerão com as mudanças: convencer o "chefe" a mudar uma coisa que para ele nasceu assim, sempre foi assim e sempre será assim... Complexos de Gabriela são os grandes entraves para mudanças, principalmente em empresas familiares.
Aliás, sobre empresas familiares, uma constatação: quase sempre a mesma mão que ajudou a criar algo, que tirou leite de pedra e conseguiu montar um negócio, é a mesma mão que vai impedir esse negócio de crescer e expandir! 
É um parto para mostrar que é preciso informatizar, que é preciso uma marca, um gerenciamento digital de estoque, pagamentos online, treinamento e capacitação dos funcionários... Cada passo, cada mudança, é uma pequena guerra!
A ideia de EU QUEM FIZ, ENTÃO EU SEI FAZER é o que difere empresas que nasceram para serem medíocres e um grupo Pão de Açúcar, por exemplo. Imagina o pai do Abilio Diniz falando que já mexia com padaria há sei-lá-quantos-anos e que não era pra mudar nada:

-QUE MANÉ SUPERMERCADO, ABILIO! VESTE O AVENTAL E VEM PRO BALCÃO!

O componente humano das mudanças é sempre o ponto nevrálgico do sucesso ou do fracasso de meu trabalho. Já tive casos de reduzir a mão-de-obra em 20% e mesmo assim conquistar crescimento de produção na ordem de 100%! Mas como há "chefes" e "líderes", todos os ganhos foram perdidos quando me desliguei da empresa: aos poucos, os detalhes iam retrocedendo, os cuidados sendo perdidos e quando viram estavam mais uma vez nas cavernas, perdendo tudo o que foi conquistado com tanto trabalho.
Máquinas não são nada, prédios não são nada, patrimônio não é nada sem um CAPITAL HUMANO bem treinado e motivado! A IBM, com todo seu gigantismo e dinheiro em caixa jamais foi páreo para a novata Apple, que pagava menos, era mil vezes menor mas tinha gente motivada e criativa em suas linhas! Com a vantagem de que, por não perder sua essência, a Apple continuou a crescer até ser a maior empresa do planeta... (No único momento em que perdeu a "alma", quando John Sculley demitiu Steve Jobs, a empresa foi quase a bancarrota, pois passou a disputar com o mundo com PRODUTOS, enquanto que sua alma era dominar o mundo com suas INOVAÇÕES!)
Acredito em inovação, acredito em treinamento, acredito em gente, e acredito que cada detalhe conta para o resultado final. 
Quando me perguntam O QUE VOCÊ FAZ?, minha primeira resposta é clássica: sou Administrador de Empresas. (com um orgulho danado disso!).
Mas lá no fundo, minha resposta seria outra. Em meu íntimo, eu respondo: EU AJUDO A MOLDAR O FUTURO... Mesmo quando, pelo caminho, eu tenha de enfrentar os neaderthais do mundo...


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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

terça-feira, 25 de novembro de 2014

O Solteiro de 40 Anos...

E um dia olhei direito a página de amigos do Facebook e percebo uma coisa que estava ali, escancarada, esfregada na minha cara, exposta aos quatro ventos e eu não havia percebido, feito aqueles velhinhos que procuram desesperadamente os óculos pela casa toda e esquecem-se de procurar na testa...

Começou quando uma amiga postou que estava grávida:  dia desses ela entrou no meu blog, meio perdida, depois começou um seu, depois escreveu um livro, depois escreveu outro, depois casou, e agora essa de ter filho! (parabéns, Michele Pupo Brenner!E dessa amiga olhei mais uma, e mais uma, e mais uma, e mais um, e outro, e mais aquele que era comedor e tem uma filha linda com quase 15 anos para fazê-lo pagar por tudo aquilo que fez... E percebi que meus amigos estão casando, alguns até já separando, outros recasando de novo (gente burra!), os filhotes nascendo, alguns desses filhotes casando também e, pasmem, ficando grávidos...

Olho para todos e percebo que eles são daqueles que sabem o que querem e onde estão. E olho para mim e percebo que eu ainda não sei de nada e nem faço a mínima ideia do que terei no almoço!

Estou sentado no sofá de minha sala de TV, que na verdade era um quarto e eu quis por que quis tacar os sofás, a TV e chama-lo de “sala” de TV (coisa chique, benhê!). A tela grande na parede, ligada ao computador me dá um monitor de 42 polegadas que é minha janela para o mundo, lar do meu Facebook, do meu Youtube, do meu Gmail... E logo ao lado do note, vejo uma coleção de panfletos, cardápios de comida delivery que ainda não provei. Os que costumo pedir estão no meu celular, que é meu apêndice cibernético, parte de meu corpo e de minha vida, meu vicio não químico: se roubarem meu iPhone, morro de fome e inanição. Fato.

Ao lado da TV fica minha guitarra, que não aprendi tocar mas fica ali, exposta, como se eu fosse um Slash possível ou um Satriani ainda desconhecido. Quando me pedem pra tocar, digo:


UM DIA DESSES, UM DIA DESSES...

(minha torcida é para que um meteoro atinja a Terra antes desse dia chegar)

Tenho meu X-BOX, que quase não uso mas fica ali, mostrando que se eu precisar, posso liga-lo e dar porrada nos inimigos ou matar meus chefes em minha imaginação.

Saindo da sala de TV damos de cara com uma prateleira, cheia de DVDs, meus queridos... Tudo original, nada de camelô, com mais de 500 filmes clássicos dos clássicos... E nessa mesma prateleira estão meu Iron Man, meu Buzz Lightyear, meu Shrek, meu Pluto, que foi o primeiro brinquedo que ganhei na vida...


Finjo que são decoração, mas quando ninguém olha, acho que eles se mexem...

Na sala propriamente dita, por onde entramos na casa, tenho uma sala de jantar e minha LEGO ROOM: uma mesa enorme onde monto minha cidade Lego e onde estão expostas minhas coleções, diga-se de passagem, meu grande orgulho! E detalhe: SÓ EU TASCO A MÃO!

Algumas pessoas olham torto quando sabem disso, mas minha resposta é simples:

Tem gente que bebe, tem gente que fuma, tem gente que dá a bunda, tem gente que pesca, eu curto Lego!

No meu quarto, em cima da cama, nada de fotos de paisagem: bem no alto da cama, um pôster dos Rolling Stones, que sempre quis e HOJE TENHO! Ah, e acabei esquecendo: na sala de TV, as paredes também são cheias de pôsteres: um do PODEROSO CHEFÃO, outro dos Simpsons, mais um do filme Pulp Fiction, outro, menor, da Harley Davidson...



A geladeira enorme, que eu abro e sinto um vácuo, e onde acabo de ver algumas frutas indo desta para melhor (se decompondo e criando uma nova categoria de bactérias mutantes seria mais apropriado).

(pausa para limpar a geladeira)

Vejo tudo isso e me vejo parte de mim. Minha casa é assim, um misto do que sou e me tornei, minha cara, meu porto seguro, minha carapaça do caranguejo canceriano ascendente escorpião que sou...

E dai, no meio disso tudo, vejo meus amigos casando, tendo filhos, tendo netos, separando, e eu vivendo alheio a isso, tentando me esquecer de que estou a beira dos 40... e tendo de ouvir de vez em vez:

- Quase 40 anos e solteiro?
- Hum... Aí tem coisa!

Convivo rotineiramente com gente me olhando torto, com cara de analista freudiano, tentando me decifrar, afinal, para um mundaréu de pessoas, morar sozinho aos 40 é coisa de nerd, tipo o daquele filme O VIRGEM DE 40 ANOS. 

Como não é esse meu caso, afinal, não sou nerd, sou geek, as pessoas passam, automaticamente, para a segunda hipótese, pois ser solteiro perto dos 40 implica, necessariamente, em esconder um grande segredo (Ó, NA VERDADE, SOU UM HEMAFRODITA TRANCAFIADO NESSE CORPO DE GAROTO!), um pecado pesado (tipo ter comido a cunhada) ou uma doença contagiosa, tipo ebola, febre tifoide ou hemorroidas expostas...

É o que eu chamo de fator "qualé a dele", muito usado por “sogros” e “sogras” e bisbilhoteiros de plantão...

O "qualé a dele" desconsidera qualquer opção que não envolva um escândalo sexual ou uma tragédia mexicana para minha solteirice. 

Entre os clássicos do "qualé a dele", destacam-se:

1 - Certeza que é gay, e cansou!;

2 - Ele ainda é apaixonado pela ex, que casou, mudou de país e nem ramadã deseja!;

3 - Deve ter um pinto em L pra esquerda!;

4 – Ronca muito, come de boca aberta e bate na mulher;

5 - Trata-se de um egoísta, traumatizado, comedor inveterado e tarado sexual!

E haja teoria! 
"É fugitivo do FBI!"
"Ele é da Al-Qaeda e está aqui disfarçado! Você viu aquela barba dele? Não me engana!"

"Aposto que ele mata as mulheres e come, com cebola e shoyo!" 

Morar sozinho, ter uma casa, com a MINHA CARA, arrumada do JEITO QUE GOSTO, só faz o “qual é a dele” ficar mais intrigado. Não ter filhos e não saber se quero só aumenta essa intriga, afinal, é isso o que "TODO MUNDO FAZ, POR QUE ELE TEM DE SER DIFERENTÃO?"

Minha frase para quem pensa assim:

Um solteiro pode ser tão idiota quanto um homem casado, mas ele ouve isso MENOS VEZES.

Um dia vou pagar por isso, eu sei. Cobranças para esse tipo de comportamento sempre chegam. 

Não agora. Não já.

Tô bem assim. E um dia qualquer eu surpreendo meu amigos, só pra ver a cara dos que perguntavam em voz alta: 
qual é a dele”?



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Chuva tímida...

E estava chovendo. Uma chuva gostosa, não forte mas não fraca, gotas consistentes e uniformes. E molhadas...
Abri a janela do quarto e vi a chuva caindo, e vi que imagem linda tinha em minha frente: as gotas fortes batendo na grande mangueira do quintal do vizinho, carregada de mangas, que escorriam a água que recebiam.
Resolvi eternizar a imagem: não seria a melhor foto que fiz na vida, mas para nós, paulistas, seria uma imagem cheia de significância.
Corri para o quarto, peguei minha t5i, abri a bolsa. Peguei o corpo da câmera, abri a tampa. Peguei a lente 18-135, abri a traseira. Atarraxei na câmera. Coloquei-a sobre a cama e fui a sala de TV, buscar o chip. 
Peguei-a, embuti o chip. Regulei o ISO, a abertura, coloquei uma velocidade alta para captar as gotas.
Tudo ok, fui à janela e feito isso percebi que A CHUVA JÁ HAVIA PARADO!
Eis a questão que me saltou aos olhos: essa nova leva de chuva, essa Geração W, é TÍMIDA!! Basta falarmos dela no Facebook para que ela pare! Quando ela ouviu o "click" dá câmera, fugiu envergonhada sei lá para onde!
Por isso clamo: PAULISTAS: não comentemos mais sobre a chuva! Façamos de conta que ela não está ali! Finjam que não a viram, que sequer se molharam! Não a filme, não a fotografe, não agradeça! 
Se puder, vire de costas à porta quando ela cair e fale sobre a Petrobras ou sobre a vida sexual dos cactos, mas não comente sobre a chuva, essa tímida e dispersa ação da natureza que some ao menor sinal de que a vimos...
Quanto às minhas fotos, tirarei uma qualquer, só para não perder o trabalho de ter montado a câmera e ficado de lente na mão...